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Guia de Bolso do Bash (inglês, bash-handbook)CC 4.0

Este documento foi escrito para aqueles que querem aprender Bash sem mergulhar muito profundamente.

Dica: Dê uma olhada em learnyoubash — são exercícios interativos baseados nesse documento!

Instalando o guia através do Node

Você pode instalar esse documento usando npm. Execute:

$ npm install -g bash-handbook

Você será capaz de executar bash-handbook na sua linha de comando. Isso irá abrir o manual no $PAGER que você configurou. De outra forma, você pode continuar lendo aqui.

O código fonte está disponível aqui: https://github.com/denysdovhan/bash-handbook

Índice

Introdução

Se você é um desenvolvedor, então você sabe o valor que o tempo tem. Otimizar seu processo de trabalho é um dos mais importantes aspectos do seu dia-a-dia.

E, se entrarmos no caminho em direção à eficiência e produtividade, sempre esbarramos em ações que serão repetidas uma vez ou outra, como:

  • tirar um screenshot e fazer o upload para um servidor
  • processar texto em vários formatos
  • converter arquivos entre diferentes formatos
  • analisar o resultado da execução de um programa

Entra em cena, o Bash, nosso salvador.

Bash é um shell Unix escrito por Brian Fox no formato de software livre para o projeto GNU, com a intenção de substituir o Bourne shell. Ele foi lançado em 1989 e tem sido distribuído como shell padrão no Linux e macOS a um longo tempo.

E porque nós precisamos aprender algo que foi escrito a mais de 30 anos? A resposta é simples: essa coisa, hoje em dia, é uma das mais poderosas e portáveis ferramentas para escrever scripts para todos os sitemas baseados em Unix. E isso é a razão pela qual você deve aprender bash. Ponto.

Nesse manual, eu vou descrever os conceitos mais importantes do bash através de exemplos. Eu espero que seja útil para você e que você possa aprender algo através deles.

Estilos do shell

O usuário do shell bash pode trabalhar em dois modos - interativo e não-interativo.

Modo Interativo

Se você estiver trabalhando no Ubuntu, você tem sete terminais virtuais disponíveis para você. O ambiente de trabalho se posiciona no sétimo terminal virtual. Você pode voltar para uma GUI mais amigável usando o atalho Ctrl-Alt-F7.

Você pode abrir o shell usando o atalho Ctrl-Alt-F1. Depois disso, a GUI que você acostuma utilizar irá desaparecer e um dos terminais virtuais será mostrado.

Se você ver algo parecido com isso, então, você está trabalhando no modo interativo:

user@host:~$

Aqui você pode digitar uma variedade de comandos Unix, como ls, grep, cd, mkdir, rm e ver o resultado das suas execuções.

Chamamos isso de shell interativo porque ele interage diretamente com o usuário.

Usar um terminal virtual, nem sempre é conveniente. Por exemplo, se você quiser editar um documento e executar um comando ao mesmo tempo, é melhor você usar um emulador de terminais virtuais, como:

Modo não-interativo

No modo não-interativo, o shell recebe comandos de um arquivo ou um pipe e executa eles. Quando o interpretador chega no final do arquivo, a sessão de processamento do shell é terminada e o processo anterior é retornado.

Use os seguintes comandos para executar o shell em modo não-interativo:

. /path/to/script.sh
bash /path/to/script.sh

No exemplo acima, script.sh é apenas um arquivo de texto comum, contendo comandos, que o interpretador shell pode executar. sh ou bash são interpretadores utilizados pelo shell. Você pode criar um script.sh usando seu editor de texto preferido (e.g. vim, nano, Sublime Text, Atom, etc).

Você também pode simplificar a invocação do script transformando o arquivo em um executável usando o comando chmod:

chmod +x /path/to/script.sh

Além disso, a primeira linha do script deve indicar qual programa deve ser usado para executar o arquivo, como:

#!/bin/bash
echo "Hello, world!"

Ou, se você preferir usar sh ao invés do bash, mude #!/bin/bash para #!/bin/sh. Essa sequência de carácteres #!, é conhecida como shebang. Agora você pode executar scripts da seguinte maneira:

/path/to/script.sh

Um truque útil que usamos acima, é usar o comando echo para imprimir o texto na tela do terminal.

Uma outra maneira de usar o shebang é:

#!/usr/bin/env bash
echo "Hello, world!"

A vantagem desse modo de uso do shebang é que ele irá utilizar o programa (nesse caso o bash) baseado no caminho PATH do seu ambiente. Esse modo é, muitas vezes, preferido, ao invés de usar o primeiro método mostrado acima, onde a localização do programa no seu ambiente, pode não ser a mesmo. Isso também é útil se a variável PATH, em um sistema, estiver configurada para uma versão diferente do programa. Um exemplo, seria a instalação de uma nova versão do bash, enquanto preservamos a versão original e inserimos a localização da nova versão na variável PATH do sistema. O uso do #!/bin/bash pode resultar no uso da versão original do bash, enquanto, #!/usr/bin/env bash, fará uso da nova versão.

Códigos de saída

Todo comando retorna um código de sáida (retornando o estado ou o estado de saída). Um comando executado com sucesso, sempre retorna 0 (código-zero), e um comando executado com falha, sempre retorna um valor não-zero (código de erro). Códigos de falhas devem conter um número inteiro positivo entre 1 e 255.

Outro comando útil que nós podemos usar quando escrevemos scripts é o exit. Esse omando é usado para finalizar a execução atual e retornar um código de saída para o shell. Executando o exit, sem nenhum argumento, irá terminar o script que está em processamento e retornar o código de saída do último comando executado antes do exit.

Quando um programa é finalizado, o shell atribui ao seu código de saída há variável $?. A variável $?, é o que normalmente usamos para testar se um script foi executado com sucesso ou não.

Do mesmo modo que podemos usar exit para terminar um script, nós podemos usar o comando return para sair de uma função e retornar o código de saída para quem invocou essa função. Você também pode usar exit dentro de uma função, isso irá resultar na saída da função e na finalização do programa.

Comentários

Scripts podem conter comentários. Comentários são declarações especiais ignoradas pelo interpretador do shell. O início de um comentário deve conter o símbolo # e continuar até o final da linha.

Por exemplo:

#!/bin/bash
# Esse script irá imprimir seu nome de usuário.
whoami

Dica: Use comentários para explicar o que seu script faz e porque.

Variáveis

Como na maioria das linguages de programação, você pode criar variáveis no bash.

Bash não conhece nenhum tipo de dados. Variáveis podem conter apenas números ou strings. Existem três tipos de variáveis que você pode criar: variáveis locais, variáveis de ambiente e variáveis de parâmetros posicionados.

Variáveis locais

Variáveis locais são variáveis que existem apenas no contido script. Elas são inacessíveis para outros programas ou scripts.

Uma variável local pode ser declarada usando o sinal = (como regra, não deve conter nenhum espaço entre o nome da variável, = e o seu valor) e seu valor pode ser acessado usando o sinal $. Por exemplo:

username="oieduardorabelo"  # declarando a variável
echo $username          # imprimindo seu valor
unset username          # deletando a variável

Nós podemos declarar uma variável local para uma única função usando a declaração local. Com isso, a variável será automaticamente deletada quando a função terminar de ser executada.

local local_var="Sou uma variável local"

Variáveis de ambiente

Variáveis de ambiente são variáveis que podem ser acessadas por qualquer programa ou script sendo executado na sessão atual do shell. Elas são criadas como variáveis locais, mas usando a declaração export no início delas.

export GLOBAL_VAR="Sou uma variável global"

Existem muitas variáveis globais no bash. Você vai conhecer elas no decorrer do seu dia-a-dia, mas aqui você encontra uma tabela com as mais utilizadas:

Variáveis Descrição
$HOME O diretório inicial do usuário atual.
$PATH Uma lista separada por dois pontos [:] dos diretários que o shell irá procurar por comandos.
$PWD O diretório atual.
$RANDOM Número inteiro randômico entre 0 e 32767.
$UID Versão numérica do ID do usuário atual.
$PS1 Sequência primária do seu prompt de comando.
$PS2 Sequência secundária do seu prompt de comando.

Entre nesse link para ver uma lista extendida de variáveis de ambiente do Bash.

Parâmetros de posição

Parâmetros de posição são variáveis alocadas aos parâmetros de uma função quando ela é executada. A seguinte tabela mostra os parâmetros de posição e outras variáveis especiais e quais os seus significados dentro da função.

Parâmetro Descrição
$0 Nome do script.
$1 … $9 Os parâmetros passados de 1 há 9.
${10} … ${N} Os parâmetros passados de 10 há N.
$* or $@ Todos os parâmetros passados, exceto $0.
$# A soma da quantidade de parâmetros foi passada, não contando $0.
$FUNCNAME O nome da função (retornada como valor, apenas dentro da função).

No exemplo abaixo, os parâmetros posicinais serão $0='./script.sh', $1='foo' e $2='bar':

./script.sh foo bar

Variáveis também podem ter um valor padrão. Nós podemos definir isso usando a sintaxe:

 # se a variável estiver vazia, atribua o valor padrão
: ${VAR:='default'}
: ${$1:='first'}
# ou
FOO=${FOO:-'default'}

Expansões do shell

Expansões são realizadas na linha de comando após ela ser separada em símbolos. Em outras palavras, expansões são mecânismos para calcular operações aritméticas, salvar resultados de execuções de comandos e assim por diante.

Se você estiver interessado, você pode ler mais sobre expansões do shell.

Expansões de suporte

Expansões de suporte nos permite criar strings arbitrárias. É parecido com expansão de nomes de arquivos. Por exemplo:

echo bat{i,a,u}ta # batita batata batuta

Expansões também podem ser usadas para criar extensões numéricas, que podem ser iterados em um loop.

echo {0..5} # 0 1 2 3 4 5
echo {00..8..2} # 00 02 04 06 08

Substituição de comandos

Substituição de comandos nos permite avaliar um comando e substituir seus valores em outro comando ou atribuição de variável. Substituição de comandos é realizado quando um comando é anexado por `` ou $(). Por exemplo, podemos usar isso da seguinte maneira:

now=`date +%T` # horário atual
# ou
now=$(date +%T) # horário atual

echo $now # 19:08:26

Expansões aritiméticas

No bash, somos livres para fazer qualquer operação aritmética. Mas, expressões devem ser anexadas por $(( )). O formato da operação aritmética é:

result=$(( ((10 + 5*3) - 7) / 2 ))
echo $result # 9

Dentro de expressões aritméticas, variáveis geralmente deverm ser usadas sem o prefixo $:

x=4
y=7
echo $(( x + y ))     # 11
echo $(( ++x + y++ )) # 12
echo $(( x + y ))     # 13

Aspas simples e duplas

Existe uma importante diferença entre aspas simples e duplas. Dentro das aspas duplas, variáveis ou comandos podem ser expandidos. Dentro de aspas simples não. Por exemplo:

echo "Seu diretório inicial: $HOME" # Seu diretório inicial: /Users/<username>
echo 'Seu diretório inicial: $HOME' # Seu diretório inicial: $HOME

Tome cuidado ao expandir variáveis locais ou de ambiente dentro de aspas se eles contiverem espaços em branco. Um exemplo disso, considere o uso do echo para imprimir algo:

INPUT="Uma frase  com   estranhos    espaços em branco."
echo $INPUT   # Uma frase com estranhos espaços em branco.
echo "$INPUT" # Uma frase  com   estranhos    espaços em branco.

O primeiro echo será invocado com 7 argumentos separados - $INPUT é separado em cada palavra, echo imprimi um único espaço em branco entre cada palavra. No segundo caso, echo é invocado com um único argumento (todo o valor do $INPUT, includingo seus espaços em branco).

Agora, considere um exemplo mais sério:

FILE="Minhas coisas favoritas.txt"
cat $FILE   # tentará imprimir 3 arquivos: `Minhas`, `coisas` e `favoritas.txt`
cat "$FILE" # imprimi 1 arquivo: `Minhas coisas favoritas.txt`

Enquanto o problema desse exemplo pode ser resolvido apenas renomeando FILE para Minhas-coisas-favoritas.txt, considere a entrada do nome vindo de uma variável de ambiente, um parâmetro posicional ou o resultado de outro comando (find, cat, etc). Se a entrada puder conter espaços em branco, tome o cuidado de envolver a expansão em aspas.

Arrays

Como em qualquer outra linguagem de programação, um array no bash é uma variável que permite o armazenamento de múltiplos valores. No bash, arrays também são de base zero, ou seja, o primeiro elemento do array tem o íncide 0.

Ao lidar com arrays, nós devemos tomar um cuidado especial com as variáveis de ambiente IFS. IFS, que significa Input Field Separator, em português, algo como, Separador dos campos de entrada, são os carácteres que separam os elementos dentro de um array. O valor padrão desses campos é um espaço em braco, IFS=' '.

Declarando array

Para criar um array no bash, você pode simplesmente atribuir o valor ao index da variável do array:

frutas[0]=Maça
frutas[1]=Pera
frutas[2]=Banana

As variáveis de arrays também podem ser criadas a partir de uma atribuição composta, como:

frutas=(Maça Pera Banana)

Expansões de Array

Elementos individuais do array, são igualmente expansíveis como qualquer outra variável:

echo ${frutas[1]} # Pera

Todo o array pode ser expansível usando * ou @ no lugar do índice numérico:

echo ${frutas[*]} # Maça Pera Banana
echo ${frutas[@]} # Maça Pera Banana

Tem uma importante (e súbita) diferença entre as duas linhas acima: considere que um elemento do array tenha espaços em branco:

fruta[0]=Maça
fruta[1]="Mamão papaia"
fruta[2]=Banana

Nós queremos imprimir cada elemento do array separadamente em uma nova linha, então, vamos tentar usar a função nativa printf:

printf "+ %s\n" ${frutas[*]}
# + Maça
# + Mamão
# + papaia
# + Banana

Porque o Mamão e papaia foram imprimidos em linhas separadas? Vamos tentar usando aspas:

printf "+ %s\n" "${frutas[*]}"
# + Maça Mamão papaia Banana

Agora, está tudo em uma linha só - isso não exatamente o que queremos! É aí que ${frutas[@]} entra no jogo:

printf "+ %s\n" "${frutas[@]}"
# + Maça
# + Mamão papaia
# + Banana

Dentro das aspas duplas, ${frutas[@]} é expandido separadamente para cada elemento do array, com seus espaços em branco preservados.

Separando Array

Além disso, você pode extrair um pedaço do array usando os operadores:

echo ${frutas[@]:0:2} # Maça Mamão papaia

No exemplo acima, ${frutas[@]} é expandido com todo o conteúdo do seu array, e :0:2, extraí o pedaço de tamanho 2, começando no índice 0.

Adicionando elementos no Array

Adicionar elementos no array é bem simples. Atribuições compostas são extremamente úteis nesse caso. Você pode fazer uso dessa maneira:

frutas=(Laranja "${frutas[@]}" Melão Ameixa)
echo ${frutas[@]} # Laranja Maça Mamão papaia Banana Melão Ameixa

No exemplo acima, ${frutas[@]} é expandido com todo o conteúdo do seu array e é atribuido ao novo valor dentro do array frutas, sendo assim, mutando seu valor original.

Deletando elementos de um Array

Para deletar um elemento de um array, use o comando unset:

unset frutas[0] # Deleta o item Laranja
echo ${frutas[@]} # Maça Mamão papaia Banana Melão Ameixa

Streams, pipes e listas

Bash tem uma poderosa ferramente para trabalhar com outros programas e seus resultados. Usando streams nós podemos enviar o resultado de um programa para outro programa ou arquivo, e assim, gravar logs ou fazer qualquer coisa que quisermos.

Pipes te dá a oportunidade de transportar e controlar a execução de comandos.

É fundamental o entendimento de como usar essa poderosa e sofisticada ferramenta do Bash.

Streams

Ao executar qualquer comando no Bash, ele recebe esses dados como parâmetros e envia uma sequência ou streams de caracteres. Esses streams podem ser redirecionados em arquivos ou em outro stream.

Existem três tipos de saídas de dados, conhecidos como descritores:

Código Descritor Descrição
0 stdin O padrão de entrada de dados.
1 stdout O padrão de saída de dados.
2 stderr O padrão de saída de erros.

Redirecionamento torna possível o controle de onde a saída do comando vai parar, e, de onde a entrada de dados veem. Para redirecionar streams, você pode usar esses operadores:

Operadores Descrição
> Redireciona a saída de dados
&> Redireciona a saída de dados e de erros
&>> Anexa o redirecionamento de saída e erros
< Redireciona a entrada de dados
<< Sintaxe do comando "Here documents"
<<< Sintaxe do comando "Here strings"

Veja aqui alguns exemplos de redirecionamento:

# a saída do comando `ls` será escrita no arquivo lista.txt
ls -l > lista.txt

# adiciona a saída do comando no final do arquivo lista.txt
ls -a >> lista.txt

# todos os erros serão escritos no arquivo erros.txt
grep da * 2> erros.txt

# lê o arquivo erros.txt
less < errors.txt

Pipes

Nós podemos redirecionar os streams padrões não apenas para arquivos, mas também, para outros programas. Pipes nos permite usar a saída de um programa, como entrada de outro.

No exemplo abaixo, comando1 envia sua saída para comando2, que então passa sua saída como entrada para comando3:

comando1 | comando2 | comando3

Construções como essa, são chamadas de pipelines.

Na prática, isso pode ser usado para processar dados através de vários programas. Por exemplo, no exemplo a seguir, a saída do ls -l é enviada para o comando grep, que então imprimi apenas os arquivos que tenham a extensão .md, e sua saída, é finalmente enviada para o comando less:

ls -l | grep .md$ | less

Lista de comandos

Uma lista de comandos é uma sequência de um ou mais pipelines separados pelos operadores ;, &, && ou ||.

Se um comando termina com um operador &, o shell executará o comando asíncronamente através de um subshell. Em outras palavras, esse comando será executado em segundo plano (ou background).

Comandos separados por ; serão executados em sequência: um após o outro. O shell esperada a finalização de cada comando para executar o próximo.

# comando1 será executado após a finalização do comando1
comando1 ; comando2

# que é o mesmo que
command1
command2

Uma lista separada por && e || são conhecidos também como listas AND e OR,

Uma lista AND é parecida com isso:

# comando2 será executado se, e apenas se, o comando1 finalize seu processo com sucesso (retorando um estado de saída 0)
comando1 && comando2

Uma lista OR é parecida com isso:

# comando2 será executado se, e apenas se, o comando1 não finalize seu processo com sucesso (retornando um estado de saída não-zero)
comando1 || comando2

O código retornado pelas listas AND ou OR, são o estado do último comando executado.

Operadores condicionais

Como em qualquer outra linguagem, as condicionais no Bash nos permitem decidir qual ação realizar. O resultado é determinado pela análise da expressão, que deverá ser conter [[ ]] em volta dela.

Expressões condicionais podem conter os operadores && e ||, como vimos, AND e OR. Além disso, existem várias outras expressões que podem ser utilizadas.

Existem duas condicionais diferentes: a condicional if, e a condicional case.

Expressões primárias e combinação de expressões

Expressões dentro do [[ ]] (ou [ ] para sh), são chamados de comandos de teste ou primários. Essas expressões ajudam a indicar o resultado de uma operação condicional. Nas tabelas abaixos, estamos usando [ ], porque ele também funciona para sh. Para saber mais, veja aqui a diferença entre aspas simples e aspas duplas dentro dos colchetes no Bash..

Trabalhando com o sistema de arquivos:

Primários Quer dizer
[ -e FILE ] true se FILE existir, do inglês exists.
[ -f FILE ] true se FILE existir e for um arquivo normal, do inglês file.
[ -d FILE ] true se FILE existir e for executável, do inglês directory.
[ -s FILE ] true se FILE existir e não for vazio, seu tamanho é maior que 0, do inglês size.
[ -r FILE ] true se FILE existir e for possível a leitura, do inglês readable.
[ -w FILE ] true se FILE existir e for possível a escrita, do inglês writable.
[ -x FILE ] true se FILE existir e for possíve executá-lo, do inglês executable.
[ -L FILE ] true se FILE existir e for um link simbólico, do inglês symbolic link.
[ FILE1 -nt FILE2 ] FILE1 é mais novo que FILE2, do inglês newer than.
[ FILE1 -ot FILE2 ] FILE1 é mais velho que FILE2, do inglês older than.

Trabalhando com strings:

Primários Quer dizer
[ -z STR ] STR é vazio, seu tamanho é zero, do inglês zero.
[ -n STR ] STR não é vazio, seu tamanho não é zero, do inglês non-zero.
[ STR1 == STR2 ] STR1 e STR2 são iguais.
[ STR1 != STR2 ] STR1 e STR2 não são iguais.

Operadores aritiméticos binários:

Primários Quer dizer
[ ARG1 -eq ARG2 ] ARG1 é igual ao ARG2, do inglês equal.
[ ARG1 -ne ARG2 ] ARG1 não é igual ao ARG2, do inglês not equal.
[ ARG1 -lt ARG2 ] ARG1 é menor que ARG2, do inglês less than.
[ ARG1 -le ARG2 ] ARG1 é menor ou igual que ARG2, do inglês less than or equal.
[ ARG1 -gt ARG2 ] ARG1 é maior que ARG2, do inglês greater than.
[ ARG1 -ge ARG2 ] ARG1 é maior ou igual que ARG2 greater than or equal.

Condicionais podem ser combinadas usando as expressões de combinação:

Expressão Efeito
[ ! EXPR ] true se EXPR é falso.
[ (EXPR) ] Retorna o valor da EXPR.
[ EXPR1 -a EXPR2 ] Operador lógico AND. true se EXPR1 e EXPR2 são verdadeiros, do inglês and.
[ EXPR1 -o EXPR2 ] Operador lógico OR. true se EXPR1 ou EXPR2 são verdadeiros, do inglês or.

Com certeza existem muitos outros comandos e expressões úteis para seu caso, você fácilmente encontra-los na página de manual do Bash.

Usando a condicional if

Declarações if funcionam da mesma maneira como em outras linguagens de programação. Se a expressão dentro dos colchetes for verdadeira, o codógio dentro do bloco then e até o fi será executado. fi indica o final de uma condicional a ser executada.

# única linha
if [[ 1 -eq 1 ]]; then echo "true"; fi

# múltipla linha
if [[ 1 -eq 1 ]]; then
  echo "true"
fi

Da mesma forma, podemos usar uma declaração if..else, como:

# única linha
if [[ 2 -ne 1 ]]; then echo "true"; else echo "false"; fi

# múltipla linha
if [[ 2 -ne 1 ]]; then
  echo "true"
else
  echo "false"
fi

As vezes, condicionais if..else não são suficientes para o que queremos fazer. Nesse caso, não devemos esquecer da existência da condicional if..elif..else, que sempre vêm a calhar.

Veja o exemplo abaixo:

if [[ `uname` == "Adão" ]]; then
  echo "Não coma a maça!"
elif [[ `uname` == "Eva" ]]; then
  echo "Não pegue a maça!"
else
  echo "Maças são deliciosas!"
fi

Usando a condicional case

Se você estiver analisando várias possibilidades diferentes para ter ações diferentes, usar a condicional case pode ser mais útil do que várias condicionais if aninhadas. Veja abaixo um exemplo complexo de usando a condicional case:

case "$ext" in
  "jpg"|"jpeg")
    echo "É uma imagem com extensão jpg"
  ;;
  "png")
    echo "É uma imagem com extensão png"
  ;;
  "gif")
    echo "É uma imagem com extensão gif"
  ;;
  *)
    echo "Oops! Não é uma imagem!"
  ;;
esac

A condicional case verifica a expressão que corresponde a um padrão. O sinal | é usado para separar múltiplos padrões e o operador ) finaliza a lista de padrões. A expressão * é o padrão para todo o restante que não corresponder a nenhum item das suas listas. Cada bloco de comandos deve ser separado pelo operador ;;.

Loops

Aqui não teremos nenhuma surpresa. Assim como qualquer linguagem de programação, um loop no bash é um bloco de código que se repete enquanto a condição em controle for verdadeira.

Existem quatro tipos de loops no Bash: for, while, until e select.

for loop

O for é bem similar ao seu irmão em C. Ele se parece com:

for arg in elem1 elem2 ... elemN
do
  # código
done

Durante cada etapa do loop, arg assume os valores de elem1 até elemN. Valores também podem ser espaços reservados ou expansões de suporte.

E também podemos escrever o loop for em apenas uma linha, mas nesse caso, é preciso colocar um ponto e vírgula antes do do, como no exemplo:

for i in {1..5}; do echo $i; done

A propósito, se for..in..do parece um pouco estranho para você, você também pode escrever o for em estilo C, como a seguir:

for (( i = 0; i < 10; i++ )); do
  echo $i
done

for é útil quando nós queremos fazer a mesma operação em cada arquivo em um diretório. Por exemplo, se precisamos mover todos os arquivos .bash dentro da pasta script e dar aos arquivos permissões de execução, nosso script será parecido com isso:

#!/bin/bash

for FILE in $HOME/*.bash; do
  mv "$FILE" "${HOME}/scripts"
  chmod +x "${HOME}/scripts/${FILE}"
done

while loop

O loop while testa uma condição e executa a sequência de comandos desde que a condição seja verdadeira. A condição não é nada mais que uma expressão primária usada também em if..then. Então, um loop while se parece com:

while [[ condition ]]
do
  # código
done

Tal como no caso do loop for, se quisermos escrever uma condição do na mesma linha, temos que usar um ponto e vírgula antes.

Um exemplo prático seria:

#!/bin/bash

  # Retorna o quadrado dos números de 0 à 9
x=0
while [[ $x -lt 10 ]]; do # valor de x é menor que 10
  echo $(( x * x ))
  x=$(( x + 1 )) # aumenta o x
done

until loop

O loop until é exatamente o oposto do loop while. Assim como o while, ele recebe uma condição teste, mas, só continua executando enquanto a condição for falsa:

until [[ cond ]]; do
  # código
done

select loop

O loop select nos ajuda a organizar um menu para o usuário. Ele tem quase a mesma sintaxe que o loop for:

select respostas in elem1 elem2 ... elemN
do
  # código
done

O select imprimi todos os elem1..elemN na tela, junto de suas sequências numéricas, e depois disso, pergunta ao usuário. Normalmente, isso se parece com $? (a variável PS3). A resposta será salva em respotas. Se respostas for um número entre 1..N, então o código será executado e select vai para a próxima iteração - isso porquê nós devemos usar a declaração break.

Um exemplo prático se parece com esse:

#!/bin/bash

PS3="Escolha uma gerenciador de pacotes: "
select ITEM in bower npm gem pip
do
  echo -n "Digite o nome de um de pacote: " && read PACKAGE
  case $ITEM in
    bower) bower install $PACKAGE ;;
    npm)   npm   install $PACKAGE ;;
    gem)   gem   install $PACKAGE ;;
    pip)   pip   install $PACKAGE ;;
  esac
  break # evita loops infinitos
done

Esse example pergunta ao usuário qual gerenciador de pacote ele deseja usar. E em seguida, quais pacotes gostaríamos de instalar e finalmente, executa o processo de instalação.

Se rodarmos isso, teremos:

$ ./my_script
1) bower
2) npm
3) gem
4) pip
Escolha uma gerenciador de pacotes: 2
Digite o nome de um de pacote: bash-handbook
<installing bash-handbook>

Controlando o loop

Existem situações onde precisamos parar o loop antes da sua finalização normal ou pular uma iteração. Nesses casos, nós podemos usar as declarações break e continue, que são nativas do shell. Ambos funcionam com qualquer tipo de loop. There are situations when we need to stop a loop before its normal ending or step over an iteration. In these cases, we can use the shell built-in break and continue statements. Both of these work with every kind of loop.

A declaração break é usada para sair do loop atual antes da sua finalização. Nós já o conhecemos. The break statement is used to exit the current loop before its ending. We have already met with it.

A delcaração continue pula uma iteração. Podemos usa-la desse modo: The continue statement steps over one iteration. We can use it as such:

for (( i = 0; i < 10; i++ )); do
  if [[ $(( i % 2 )) -eq 0 ]]; then continue; fi
  echo $i
done

Se você rodar o exemplo acima, ele vai imprimir os números ímpares de 0 à 9. If we run the example above, it will print all odd numbers from 0 through 9.

Funções

Em scripts, nós temos a habilidade de definir e chamar funções. Assim como em qualquer linguagem de programação, funções no bash são pedaços de códigos, mas elas são tratadas um pouquinho diferentes.

No bash, funções são sequências de comandos agrupados sob um mesmo nome, e esse nome, é o nome da função. Chamar uma função é o mesmo que chamar qualquer outro programa, você escreve o nome da função e ela será invocada.

Podemos declarar funções dessa maneira:

my_func () {
  # código
}

my_func # invoca função

Devemos declarar a função antes de invoca-la.

Funções podem receber argumentos e retornar um resultado - o código de saída. Argumentos, em funções, são tratados da mesma maneira que os argumentos dados ao script no modo não-interativo - usando os parâmetros de posição. O resultado pode ser retornado usando o comando return.

Abaixo é uma função que recebe um nome e retorna 0, indicando que foi executado com sucesso.

# function with params
bemVindo () {
  if [[ -n $1 ]]; then
    echo "Bem-vindo, $1!"
  else
    echo "Bem-vindo, desconhecido!"
  fi
  return 0
}

bemVindo Eduardo  # Hello, Eduardo!
bemVindo        # Hello, desconhecido!

Nós já falamos sobre códigos de saída. O comando return sem argumentos retorna o código de saída do último comando executado. Acima, return 0 vai retornar o código bem sucedido, 0.

Depurando

O shell nós dá ferramentas para depurar nossos scripts. Se você quer rodar um script em modo de depuração, nós usamos um modo especial em nosso shebang:

#!/bin/bash options

Esse options é a configuração que muda o comportamento do shell. A tabela abaixo mostra uma lista de opções que podem ser úteis para você:

Atalho Nome Descrição
-f noglob Desativa expanção de nome de arquivos, em inglês, globbing.
-i interactive Script roda no modo interativo.
-n noexec Lê comandos, mas não os executa (verifica a sintaxe).
-t Saí da execução depois do primeiro comando.
-v verbose Imprimi cada comando no stderr antes de executa-los.
-x xtrace Imprimi cada comando e expande seus argumentos e envia para o stderr antes de executa-los.

Por exemplo, podemos ter scripts com -x como opção, assim como:

#!/bin/bash -x

for (( i = 0; i < 3; i++ )); do
  echo $i
done

Isso vai imprimir o valor das variáveis para o stdout junto de outras informações úteis:

$ ./my_script
+ (( i = 0 ))
+ (( i < 3 ))
+ echo 0
0
+ (( i++  ))
+ (( i < 3 ))
+ echo 1
1
+ (( i++  ))
+ (( i < 3 ))
+ echo 2
2
+ (( i++  ))
+ (( i < 3 ))

As vezes nós precisamos depurar uma parte do script. Nesse caso, usar o comando set é mais conveniente. Esse comando habilita e desabilita opções. Opções são desabilitadas usando - e habilitadas usando +:

#!/bin/bash

echo "xtrace está desabilitado"
set -x
echo "xtrace está habilitado"
set +x
echo "xtrace foi desabilitado novamente"

Posfácio

Eu espero que esse pequeno guia tenha sido interação e tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre o Bash. Para ser honesto, eu escrevi esse guia para mim mesmo, para assim, não esquecer o básico do bash. Eu tentei escrever de uma maneira concisa, mas significativamente útil e eu espero que você tenha gostado.

Esse guia narra minha própria experiência com o Bash. Ele não tem foco de abranger toda as funcionalidades, e, se você quiser saber mais, pode começar através do man bash.

Contribuições são absolutamente bem-vindas, e eu ficarei grato por qualquer correção ou perguntas que você vier a ter e me enviar. Para isso, crie uma nova questão aqui.

Obrigado por ler esse guia de bolso!

Quer aprender mais?

Aqui tem uma lista de outros materiais, todos em inglês, sobre o Bash:

  • Bash man page. In many environments that you can run Bash, the help system man can display information about Bash, by running the command man bash. For more information on the man command, see the web page "The man Command" hosted at The Linux Information Project.
  • "Bourne-Again SHell manual" in many formats, including HTML, Info, TeX, PDF, and Texinfo. Hosted at https://www.gnu.org/. As of 2016/01, this covers version 4.3, last updated 2015/02/02.
  • Bash 3.2 Man page hosted at Apple's Mac Developer Library site. As of 2016/01, this covers version 3.2, last updated 2006/09/28.

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